ARTE NA ANTIGUIDADE GREGA
ESCULTURA
Num primeiro momento, no período geométrico (c. 900-700
a.C.), a escultura se manifestava discretamente, através de estatuetas de
pequenas dimensões em bronze e barro, mostrando formas de pessoas e animais.
Em seguida, durante período orientalizante (c.650-600 a.C.), a escultura
recebe influência oriental e egípcia e aumenta suas dimensões. Nesta fase se
inicia a consolidação de dois modelos formais de grande importância para o
subsequente período arcaico: a figura masculina (kouros, kouroi no plural) e a feminina (kore, korai no plural). No caso das estátuas femininas elas
aparecem com longas túnicas, mas nas masculinas a nudez é a regra.
O período arcaico (c. 600-500 a.C.) assistiu à progressiva urbanização da Grécia,
passando a cultura se concentrar nas cortes das novas cidades, as pólis. A decoração escultórica arquitetônica se tornou mais comum. Entre os
materiais, o mármore passou a ocupar um lugar privilegiado. Os kouroi e
as korai continuaram sendo as tipologias estatuárias mais
destacadas, adquirindo nesta época dimensões gigantescas, ainda que o tamanho
natural fosse a praxe. Os kouroi não eram produzidos com
fins estéticos, eram oferendas religiosas colocadas em santuários, marcavam a tumba de alguma personalidade ou eram monumentos públicos, e não
representavam pessoas individualizadas, sendo antes a corporificação de um
ideal de beleza, honra, virtude, piedade ou sacrifício. Às vezes podiam
representar atletas vencedores dos Jogos, mas mesmo nesses casos não se pode
dizer que eram verdadeiros retratos. As korai, por sua vez,
adquirem uma feição bastante ornamental e dinâmica, mostradas em atitudes de
dança ou oferenda, e sempre cobertas com ricas túnicas e complexos penteados.
A fase seguinte, conhecida como período severo (c.500-450 a.C.), se define por consistentes avanços na observação
da natureza, refletida no rápido abandono da tipologia fixa e hierática
do kouros e da kore. A arte adquiriu mais
independência de funções religiosas e públicas, sendo praticada pelo seu próprio
valor e pela beleza que revela.
Depois da derrota dos persas em 479 a.C. Atenas passou a exercer uma
inconteste hegemonia cultural sobre toda a Grécia e deu-se a passagem para
o período clássico (c. 450-323 a.C.). Com Péricles iniciou-se um grande programa de
obras públicas e reconstrução da Acrópole, cuja direção foi confiada a Fídias, talvez o mais celebrado dos escultores gregos. Ele, junto com Míron e Policleto, foram os principais responsáveis pela formulação de um novo estilo de
representação que unia de maneira admirável idealismo e naturalismo,
transmitindo uma impressão de atemporalidade, equilíbrio, beleza e harmonia. O
interesse pela representação anatômica fidedigna se tornou dominante. Também
foi o estilo que mais duradoura influência exerceu ao longo da história da
escultura do ocidente, tornando-se quase um sinônimo para "escultura
grega". Pouco da produção clássica original sobreviveu, sendo
particularmente dramático o desaparecimento de quase todos os bronzes, e a
maior parte do que hoje se conhece são cópias romanas.
O período helenístico inicia com a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., e se
estende até a dominação romana em 146 a.C. Foi um período de grande
expansão para a arte grega, levada por Alexandre até a Ásia e norte da África, de onde recebeu várias influências. A escultura helenística é
cosmopolita, muito mais variada do que a clássica, e em termos técnicos é mais
refinada e virtuosística. Deu-se grande valor à História, mas, outros temas,
como a morte, o sofrimento, o erotismo, o grotesco, a alegria despreocupada, a
velhice, as deidades não-olímpicas, antes pouco exploradas, apareceram com
frequência, ao mesmo tempo em que apareceram as primeiras representações
verossímeis de fisionomias individuais, os primeiros retratos verdadeiros. Seu
estilo geral é realista, tendendo a enfatizar o drama, o prosaico e o
movimento. A escultura helenística foi a base da formação da escultura
romana, com seus princípios essenciais permanecendo em
vigor ainda por muitos séculos à frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário