quarta-feira, 29 de maio de 2013

Arte Romana da Antiguidade Clássica

ESCULTURA
A escultura romana é realista, centrada na personalidade do indivíduo, com influência da arte grega principalmente do período helenístico, porque os Romanos preferiram o realismo emocional da representação à perfeição idealizada, mais de acordo com o seu espírito prático e pragmático. Teve o seu maior êxito nos retratos, normalmente em forma de busto. Reproduziam exatamente o modelo, acentuando as características fisionômicas dos olhos, das sobrancelhas, da boca, barba e cabelo, bem como marcas do tempo e do sofrimento humanos. Seu propósito era eternizar a memória dos homens através de imagens reais que evidenciavam o carácter, a honra, a glória e a psicologia do retratado de modo quase fotográfico.
No séc. I a.C., durante o governo de Octávio César Augusto, o retrato começa a sofrer mudanças e a mostrar nítidas influências do ideal grego, sobretudo no retrato oficial: visto que os imperadores se tornavam deuses após a morte, os seus retratos e estátuas apresentavam-no de um modo mais clássico, mais idealizado e mais divino, mas por outro lado também mais grave, para ser admirado, respeitado e honrado; as figuras adquiriram uma pose mais triunfal, majestosa e bela, embora, algumas partes do corpo, principalmente a cabeça, continuassem plenas de verismo, mostrando as feições naturais do representado. Feitos em materiais como a pedra e o bronze e cunhados em moedas, os retratos foram o espelho do poder imperial e um elemento de unificação do território, pois os retratos do imperador chegavam a todas as partes do império.

A época do Alto Império ficou marcada pela grande produção escultórica e pelo fato de, pela primeira vez, se poder falar em consumo privado de Arte e no gosto pela obra de arte em si mesma, desenvolvendo-se a paixão pelo colecionismo. A decadência do império (sécs. IV e V d.C.) correspondeu a uma fase de simplificação na escultura As figuras começaram a apresentar uma grande influência da estética oriental, com o seu frontalismo e hieratismo e feições mais abstratas e simplificadas, principalmente no retrato e, deste modo, o retrato oficial perdeu a sua carga de individualidade. Dividiu-se em três tipologias: as estátuas e as estátuas equestres, que possuíam funções públicas. Documentais, celebradoras, comemorativas e, por vezes, decorativas, eram verossímeis e idealistas ao mesmo tempo. Em qualquer uma delas sobressai principalmente o retrato propriamente dito, que se pauta por um grande realismo, não descurando a fisionomia do rosto e enfatizando a descrição da personalidade do representado, sobretudo, na expressão do olhar. Os romanos fizeram também cópias de muitas estátuas gregas, pelo grande encanto e admiração que tinham por elas. Os relevos, que tinham funções ornamentais, comemorativas e narrativas ou históricas e recorreram a algumas técnicas usadas na pintura: conseguiram obter profundidade e efeitos de perspectiva através da gradação dos planos, em conjunto com diferentes tipos de relevo (alto, médio e baixo) e utilizaram a figura em escorço, principalmente nas cenas militares, de modo a transmitirem a noção de esforço e sofrimento. A narrativa decorria em cenas contínuas onde a figura principal se encontra repetida, as figuras secundárias dispostas lado a lado e as restantes colocadas em planos mais recuados. As figuras eram produzidas de modo fidedigno e demonstravam o grande gosto dos romanos pela representação minuciosa e verista. 



























ARTE ROMANA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

PINTURA

Documenta o modo de vida e de ser dos Romanos. Decoravam as paredes dos edifícios públicos (basílicas, termas), religiosos (templos, túmulos), oficiais (mansões, palácios) e privados (casas com pinturas a fresco).




TIPOLOGIAS: a pintura mural, feita a fresco, que revestia as paredes interiores dos edifícios; e a pintura móvel, realizada a encáustica (técnica pictórica que se aplica sobre suportes de madeira, marfim, pedra ou metal, em que o aglutinante dos pigmentos de cor é a cera quente, diluída). As principais características da pintura romana foram o realismo, o naturalismo, a atenção ao pormenor e ao detalhe.


TEMÁTICA:

+ pintura triunfal (retratava cenas históricas como batalhas e episódios políticos e militares)




 + pintura mitológica (retratava mitos e mistérios da vida dos deuses)




+ pintura de paisagem (retratava a natureza de modo poético e bucólico, mas, com bastante fidelidade ao observado)







+ naturezas mortas e cenas de gênero - da vida quotidiana (bastante realistas nas formas, cores e brilhos e de grande atenção ao detalhe)








+ retratos (muito abundantes nas casas dos romanos eram feitos a fresco nas paredes ou pintados à encáustica sobre painéis de madeira ou metal, tinham verossimilhança quase fotográfica)












MOSAICO
Era feito com pequenas tesselas de materiais coloridos como mármores, pedras e vidro, aplicadas sobre a argamassa fresca que cobria variadíssimos locais de suporte, no início apenas o chão e depois também as paredes exteriores e interiores e os tetos de pequenas cúpulas. Os seus temas foram os mesmos da pintura romana: episódios mitológicos, cenas de caça, jogos, cenas de gênero, naturezas-mortas e passagens humorísticas. A mais típica decoração em mosaico data dos sécs. II e II a.C. e é formada por uma espécie de "tapete" que cobria parcial ou totalmente o chão com motivos geométricos que serviam de moldura a pequenos motivos figurativos como pessoas, animais e deuses. Atingiu o seu apogeu no séc. IV, sendo posteriormente continuado nas artes paleo-cristã e bizantina.








terça-feira, 28 de maio de 2013

Arte Romana da Antiguidade Clássica

ARQUITETURA

É a arquitetura a arte que melhor testemunha o gênio inventivo e prático de Roma. Fizeram uso de novos materiais e inventaram novas técnicas. Foram inovadores no campo da arquitetura religiosa, da arquitetura pública, da arquitetura privada e da arquitetura comemorativa.

MATERIAIS: usaram materiais tradicionais como a pedra, o tijolo, o mármore e a madeira, e outros criados ou recriados por eles, os opus, termo usado pelos romanos para designar o material ou o tipo de organização dada ao material empregue numa construção. Distinguem-se vários tipos: opus incertum, que usa pedras pequenas e irregulares, unidas por argamassa; opus recticulatum, semelhante ao anterior, mas com revestimento exterior regular, feito com pequenas pirâmides de calcário cunhadas na parede com a base para fora; opus quadratum, que usa silhares de pedra aparelhada, sobrepostos sem argamassa, cuja coesão é garantida pala colocação de grampos metálicos; opus testaceum, constituído por ladrilhos cozidos dispostos de modo a fazer desenhos quadrados ou triangulares; e opus caementicium. O mais importante foi o opus caementicium, uma espécie de argamassa de cal e areia, a que se adicionavam pequenos pedaços calcários, cascalho e restos de materiais cerâmicos, que criava uma pasta moldável enquanto úmida, semelhante ao atual cimento que, depois de seca, se igualava à pedra na solidez e na consistência. A sua utilização facilitou a construção de estruturas complicadas como as coberturas abobadadas ou cupuladas e ainda as paredes arredondadas e em abside.

TÉCNICAS: desenvolveram novos sistemas construtivos, que tiveram como base o arco e suas derivações: as abóbadas, as cúpulas e as arcadas (conjunto de colunas unidas superiormente por arcos).  Estas estruturas não foram inventadas pelos Romanos, porém, sua utilização, aliada aos novos materiais, permitiu aos Romanos criar variadas tipologias arquitetônicas. Desenvolveram as técnicas e os instrumentos de engenharia aperfeiçoando os conhecimentos de topografia, o uso da terraplanagem (ato de nivelar os terrenos de modo a prepará-los para a execução da obra), o desenvolvimento de processos de embasamento e de suporte, a invenção de cofragens (espécie de molde para a massa) e os cimbres (armação de madeira que suporta e/ou molda os arcos ou abóbadas), a utilização dos grampos de metal para fortalecer as juntas entre os blocos de pedra. A decoração utilizada pelos Romanos pautou-se pelo barroquismo (ato de complicar as formas e os elementos decorativos pela profusão e exagero dos mesmos), utilizaram os elementos gregos tais como colunas, entablamentos e frontões, como meras peças decorativas sem qualquer função estrutural, inovando-as ao alterarem as suas formas e proporções; criaram ainda duas novas ordens: a toscana (capitel simples, semelhante ao estilo dórico) e a compósita (junção da ordem jônica e da coríntia).
















ARQUITETURA RELIGIOSA: os edifícios religiosos assinalavam, pelo seu valor sagrado e simbólico, os lugares mais importantes das cidades. Entre eles destacavam-se: os simples altares (espécie de pequenos templos erguidos sobre um pódio e fechados a toda a volta por um muro, decorado com relevos, e só interrompido pela escadaria frontal com o interior composto por um altar, elevado sobre um pedestal de mármore); os templos (erguidos sobre um estrado em pedra maciça, denominado pódio, com pórtico e escadaria de acessoplanta retangular ou às vezes circular, apenas uma cella e na maioria das vezes sem peristilo, pois as colunas laterais se encontravam embebidas às paredes exteriores da cella. As colunas e o entablamento eram uma imitação grega, seguindo uma das ordens clássicas, mas possuíam apenas uma função decorativa); e também os grandiosos santuários, (constituídos por vastos recintos abertos para a paisagem, construídos como amplos anfiteatros rodeados de arcadas, atrás das quais havia templos, alojamentos para sacerdotes e crentes, lojas e outras dependências).





















OBRAS PÚBLICAS: as construções públicas foram o tipo de arquitetura em que os Romanos melhor expressaram o seu engenho técnico e originalidade, mas também as que melhor traduzem o desejo de poder e de grandeza deste povo. Foram poucos os imperadores que não deixaram o seu nome ligado a um grande melhoramento público, útil para o povo ou para o embelezamento da cidade. Durante o período da República salienta-se a construção de obras com carácter prático e utilitário como as estradas, as pontes e os aquedutos, essenciais ao abastecimento de água às cidades e às termas. O período imperial, por sua vez, deu ênfase a construções mais grandiosas e imponentes destinadas à vida pública, cada vez mais complexa, ou ao lazer e divertimento da população. Destas salientam-se: as basílicas (construídas com coberturas em abóbadas de arestas e com cúpulas e semi-cúpulas sobre as absides laterais, que permitiam criar compartimentos interiores mais amplos e iluminados, que abrigassem um grande número de pessoas. Tinham como principais funções albergar tribunais, cúrias e outras repartições públicas, como termas, mercados, bolsas de mercadores e palácios imperiais); os anfiteatros (construções da arquitetura romana do lazer, exerceram um importante papel sócio-recreativo. Possuíam planta circular ou elíptica, sem cobertura e tinham vários andares, geralmente três ou quatro, sustentando-se graças aos sistemas de abóbadas que suportavam as galerias sob as bancadas e a própria arena. A parede exterior, circular, ostentava três níveis de arcos, ladeados por colunas adossadas com ordens diferentes em cada andar, separados por entablamentos e encimados por um ático sem arcadas, mas com pilastras adossadas); os teatros (semelhantes aos anfiteatros na forma e na decoração exterior, mas de menor porte; embora fossem ao ar livre, eram fechados em torno de si mesmos. A orquestra era semicircular e a cena, mais elaborada, possuía vários andares colunados até à altura da última bancada. Os primeiros teatros romanos, tinham um carácter bastante efêmero, pois, eram feitos em madeira e demolidos logo após o acontecimento para o qual tinham sido construídos); as termas (mais do que simples balneários públicos, tornaram-se importantes locais de encontro e convívio social e símbolos do poder político. Continham piscinas de água quente e fria, saunas, ginásios, estádios, hipódromos, salas de reunião, bibliotecas, teatros, lojas e amplos espaços verdes, ao ar livre. Devido a todas estas funções, eram construções de escala monumental e pautavam-se pelo apurado sentido de ordem e simetria das suas plantas, pela estruturação dinâmica e funcional dos seus interiores, pela conjugação harmoniosa das várias volumetrias, pelas arrojadas coberturas abobadadas ou cupuladas e ainda pela belíssima articulação entre interiores e exteriores. Ostentavam uma rica decoração, com revestimentos de mármore colorido, belas composições de mosaicos, pinturas e esculturas).


































 ARQUITETURA PRIVADA: a domus (o lar tradicional dos Romanos, a casa unifamiliar e privada, com apenas um piso ou dois, sem aberturas para o exterior, exceto a porta principal, com as dependências internas organizadas em torno de um ou dois pátios interiores, o atrium e o peristilo, pelos quais se fazia a iluminação e ventilação da casa e a circulação das pessoas); as villae ou villas (das famílias mais abastadas, eram maiores e mais luxuosas, rodeadas de grandes e belos jardins, construídas, muitas vezes, fora da cidade, num arredor rural; os imperadores e suas famílias mandaram construir villas grandiosas, os palácios imperiais, verdadeiras cortes que albergavam uma numerosa criadagem, as milícias militares e as comitivas políticas); as insulae (prédios urbanos que alojavam as famílias mais pobres, tinham em média três ou quarto andares, e até oito. O térreo era geralmente recuado e utilizado para lojas, abertas para a rua. Tinham grandes e graves problemas urbanísticos tais como o abastecimento de água, os esgotos, o mau isolamento acústico e térmico, o exagerado número de andares, a higiene e as normas de segurança, devido aos frequentes incêndios e às escadas de acesso, íngremes e apertadas, que dificultavam as evacuações)















ARQUITETURA COMEMORATIVA: assinalavam as conquistas militares e políticas dos grandes oficiais e dos imperadores. Eram as colunas honoríficas e os arcos de triunfo, que eram ambos ricamente decorados com baixos e altos-relevos e estátuas ou esculturas alegóricas e/ou honoríficas. Eram colocadas em vias importantes ou nas entradas e saídas dos fóruns e, às vezes, adossadas às portas das muralhas das cidades e a pórticos e aquedutos.