É a arquitetura a arte que melhor
testemunha o gênio inventivo e
prático de Roma. Fizeram uso de novos materiais e
inventaram novas técnicas. Foram inovadores no campo da arquitetura
religiosa, da arquitetura pública, da arquitetura privada e da arquitetura
comemorativa.
MATERIAIS:
usaram materiais tradicionais
como a pedra, o tijolo, o mármore e a madeira, e outros criados ou recriados
por eles, os opus, termo
usado pelos romanos para designar o material ou o tipo de organização dada ao
material empregue numa construção. Distinguem-se vários tipos: opus incertum, que usa pedras
pequenas e irregulares, unidas por argamassa; opus
recticulatum, semelhante ao anterior, mas com revestimento exterior
regular, feito com pequenas pirâmides de calcário cunhadas na parede com a base
para fora; opus quadratum,
que usa silhares de pedra aparelhada, sobrepostos sem argamassa, cuja coesão é
garantida pala colocação de grampos metálicos; opus testaceum, constituído por
ladrilhos cozidos dispostos de modo a fazer desenhos quadrados ou triangulares;
e opus caementicium. O
mais importante foi o opus caementicium,
uma espécie de argamassa de cal e areia, a que se adicionavam pequenos pedaços
calcários, cascalho e restos de materiais cerâmicos, que criava uma pasta
moldável enquanto úmida, semelhante ao atual cimento que, depois de seca, se
igualava à pedra na solidez e na consistência. A sua utilização facilitou a
construção de estruturas complicadas como as coberturas abobadadas ou cupuladas
e ainda as paredes arredondadas e em abside.
TÉCNICAS:
desenvolveram novos sistemas construtivos, que
tiveram como base o arco e suas derivações: as abóbadas,
as cúpulas e as arcadas (conjunto de colunas unidas superiormente
por arcos). Estas estruturas não foram inventadas pelos Romanos, porém, sua
utilização, aliada aos novos materiais, permitiu aos Romanos criar variadas
tipologias arquitetônicas. Desenvolveram
as técnicas e os instrumentos de engenharia aperfeiçoando os
conhecimentos de topografia, o uso da terraplanagem (ato de nivelar os terrenos de modo a
prepará-los para a execução da obra), o desenvolvimento de processos de embasamento
e de suporte, a invenção de cofragens (espécie de molde para a massa) e os cimbres (armação de madeira que suporta e/ou
molda os arcos ou abóbadas), a utilização dos grampos de metal para
fortalecer as juntas entre os blocos de pedra. A decoração utilizada
pelos Romanos pautou-se pelo barroquismo (ato de complicar as
formas e os elementos decorativos pela profusão e exagero dos mesmos),
utilizaram os elementos gregos tais como colunas, entablamentos e frontões,
como meras peças decorativas sem qualquer função estrutural, inovando-as ao
alterarem as suas formas e proporções; criaram ainda duas novas ordens: a toscana
(capitel simples, semelhante ao estilo dórico) e a compósita (junção da
ordem jônica e da coríntia).
ARQUITETURA
RELIGIOSA: os edifícios religiosos assinalavam, pelo seu valor sagrado e
simbólico, os lugares mais importantes das cidades. Entre eles destacavam-se:
os simples altares (espécie de pequenos templos erguidos
sobre um pódio e fechados a toda a volta por um muro, decorado com relevos, e
só interrompido pela escadaria frontal com o interior composto por um altar,
elevado sobre um pedestal de mármore); os templos (erguidos sobre um estrado em pedra
maciça, denominado pódio, com pórtico e escadaria de acesso, planta retangular ou às vezes circular, apenas uma cella e na maioria
das vezes sem peristilo, pois as colunas laterais se encontravam embebidas às
paredes exteriores da cella. As colunas e o entablamento eram
uma imitação grega, seguindo uma das ordens clássicas, mas possuíam apenas uma
função decorativa); e também os grandiosos santuários, (constituídos por vastos recintos abertos para a
paisagem, construídos como amplos anfiteatros rodeados de arcadas, atrás das
quais havia templos, alojamentos para sacerdotes e crentes, lojas e outras
dependências).
OBRAS
PÚBLICAS: as construções públicas foram o tipo de arquitetura em que os
Romanos melhor expressaram o seu engenho técnico e originalidade, mas
também as que melhor traduzem o desejo de poder e de grandeza deste
povo. Foram poucos os imperadores que não deixaram o seu nome ligado a um
grande melhoramento público, útil para o povo ou para o embelezamento da cidade. Durante o período da República salienta-se
a construção de obras com carácter prático e utilitário como as estradas, as pontes e os aquedutos, essenciais ao
abastecimento de água às cidades e às termas. O período imperial, por sua vez, deu ênfase a construções mais grandiosas
e imponentes destinadas à vida pública, cada vez mais complexa, ou ao lazer e
divertimento da população. Destas salientam-se: as basílicas (construídas com
coberturas em abóbadas de arestas e com cúpulas e semi-cúpulas sobre as absides
laterais, que permitiam criar compartimentos interiores mais amplos e
iluminados, que abrigassem um grande número de pessoas. Tinham como principais funções albergar tribunais,
cúrias e outras repartições públicas, como termas, mercados, bolsas de
mercadores e palácios imperiais); os anfiteatros (construções da arquitetura romana do lazer,
exerceram um importante papel sócio-recreativo. Possuíam planta circular
ou elíptica, sem cobertura e tinham vários andares, geralmente três ou quatro,
sustentando-se graças aos sistemas de abóbadas que suportavam as galerias sob as
bancadas e a própria arena. A parede exterior, circular, ostentava três níveis
de arcos, ladeados por colunas adossadas com ordens diferentes em cada andar,
separados por entablamentos e encimados por um ático sem arcadas, mas com
pilastras adossadas); os teatros (semelhantes aos
anfiteatros na forma e na decoração exterior, mas de menor porte; embora fossem
ao ar livre, eram fechados em torno de si mesmos. A orquestra era semicircular e a cena, mais elaborada, possuía
vários andares colunados até à altura da última bancada. Os primeiros teatros
romanos, tinham um carácter bastante efêmero, pois, eram feitos em madeira e
demolidos logo após o acontecimento para o qual tinham sido construídos); as termas (mais do que simples
balneários públicos, tornaram-se importantes locais de encontro e convívio
social e símbolos do poder político. Continham piscinas de água quente e fria,
saunas, ginásios, estádios, hipódromos, salas de reunião, bibliotecas, teatros,
lojas e amplos espaços verdes, ao ar livre. Devido a todas estas funções, eram
construções de escala monumental e pautavam-se pelo apurado sentido de ordem e
simetria das suas plantas, pela estruturação dinâmica e funcional dos seus
interiores, pela conjugação harmoniosa das várias volumetrias, pelas arrojadas
coberturas abobadadas ou cupuladas e ainda pela belíssima articulação entre
interiores e exteriores. Ostentavam uma rica decoração, com revestimentos de
mármore colorido, belas composições de mosaicos, pinturas e esculturas).
ARQUITETURA
PRIVADA: a domus (o lar tradicional dos Romanos, a casa unifamiliar e
privada, com apenas um piso ou dois, sem aberturas para o exterior, exceto a
porta principal, com as dependências internas organizadas em torno de um ou
dois pátios interiores, o atrium e
o peristilo, pelos quais
se fazia a iluminação e ventilação da casa e a circulação das pessoas); as villae ou villas
(das famílias mais abastadas, eram maiores e mais luxuosas, rodeadas de grandes
e belos jardins, construídas, muitas vezes, fora da cidade, num arredor rural;
os imperadores e suas famílias mandaram construir villas grandiosas, os
palácios imperiais, verdadeiras cortes que albergavam uma numerosa criadagem,
as milícias militares e as comitivas políticas); as insulae
(prédios urbanos que alojavam as famílias mais pobres, tinham em média três ou
quarto andares, e até oito. O térreo era geralmente recuado e utilizado para
lojas, abertas para a rua. Tinham grandes e graves problemas urbanísticos tais
como o abastecimento de água, os esgotos, o mau isolamento acústico e térmico,
o exagerado número de andares, a higiene e as normas de segurança, devido aos
frequentes incêndios e às escadas de acesso, íngremes e apertadas, que dificultavam
as evacuações).
ARQUITETURA COMEMORATIVA: assinalavam
as conquistas militares e políticas dos grandes oficiais e dos imperadores. Eram
as colunas honoríficas e
os arcos de triunfo,
que eram ambos ricamente decorados com baixos e altos-relevos e estátuas ou esculturas
alegóricas e/ou honoríficas. Eram colocadas em vias importantes ou nas entradas
e saídas dos fóruns e, às vezes, adossadas às portas das muralhas das cidades e
a pórticos e aquedutos.